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domingo, 9 de janeiro de 2011

Buceta mais um conto!

A Bíblia Capitalista


. Ademar sempre foi um sujeito espirituoso, isto é, desses que freqüentam muito a igreja. Ademais, seu irmão mais novo, carecia do toque de Deus e ainda hoje há quem repercuta a fofoca mal-dita de que tenha levado, em vez disso, um tapinha na bunda de Satanás. Que fique bem explicado, aqui, que a bunda era de Ademais e que de Satanás não foi nada mais que a tapa.

. O narrador pede licença para benzer-se antes do proceder.

. Agora sim. Assim eram Ademar e Ademais, não como Cosme e Damião, mas como água e vinho. Diferentes até o talo!, mas filhos do mesmo ninho, cerne do mesmo afeto, e por que não dizer do mesmo gozo? Enquanto um apaziguava, o outro atazanava e encaminhava a culpa. Ademar, sempre estudioso e virtuoso era quem pagava pelas traquinagens de seu co-sanguíneo, sempre metido nas maiores confusões, plantando as mais ardilosas arapucas e estas, sem falhar, rendiam sempre os frutos da desgraça. E quem apanhava? Mas Ademar não ligava, metido a mártir, coitado, era quem se ajoelhava no milho. E reclamava? Nada! Aproveitava e jogava pros pintos, menos aqueles sob seus joelhos franzinos, que esses deveriam de continuar por lá, se não por isso, quem pagaria os pecados de seu irmão? E Ademais sempre sorrindo com o mal entre seus dentes. 8 jan (1 dia atrás) ☜✩ Neto
. Cresceram desse jeito, um se fodendo pelo outro. Esse “um” Ademar e esse “outro” Ademais. Como era de se esperar, Ademar logo deu de se amancebar com uma moça dali da cidade, de nome Ana. Ademais, por sua vez, virou um desses garanhões com muita lábia e nenhum tostão, que se escora de bar em bar compartilhando cachaças, contando piadas infalíveis muito bem faladas. Porém, certo dia, num desses bares, Ademais meteu-se numa briga com um corno que só era o que era por negligência própria e safadeza de Ademais. Cadeira vai, mesa vem, o corno concordou em protelar a vida de Ademais mais um pouquinho em troca de uns cinco mil contos, e Ademais, que nunca foi trabalhador e muito menos contista, teve de recorrer a seu irmão.

. Ademar ainda jantava com Ana quando, de repente, a porta da casa escancarou-se pra dentro, como se aberta por um toureiro desesperado fugindo de um chifrudo. Ademais respirava mais rápido que um gato correndo de um cágado; agitava os braços feito um beija-flor sem flor batendo as asas até cansar; suava como um porco amarrado quando vê a sombra do machado; e mesmo que se juntassem todos os medos do mundo animal, ainda seria difícil descrever o estado de Ademais.

- Irmão! Tu precisa me ajudar, senão o corno vai me matar!
- O que cê fez agora, Ademais?
- Meti uns chifres no Zé Cornão, se tu não me arrumar cinco mil contos, vai ter que carregar o caixão do teu irmão pro cemitério amanhã.
- Mas tu só se mete em confusão, Ademais! Por que tu não te ajeita que nem teu irmão?, num se converte perante os desígnios de Cristo pra achar teu caminho?! Olha o teu estado! Tenha dó. – Ana, diferente de Ademar, não mostrava compaixão nenhuma pelo cunhado, - Ademar, se você tiver um pingo de respeito por si mesmo, tu vai deixar teu irmão resolver os problemas dele sozinho! Só assim ele aprende, esse safado.
- Mas, Aninha, ele é meu irmão. 8 jan (1 dia atrás) ☜✩ Neto
- É teu irmão, mas você não deve cinco mil reais a ele, ou deve?! Deixa ele se virar com Zé Cornão sozinho, quem mandou se aboletar com a mulher dos outros!
- Ademar, rapaz, não escuta tua mulher não, que isso não tem pena dos necessitados. Se tu tem amor ao teu irmão, me arruma esse dinheiro, que assim que der eu quito essa dívida! Juro em nome de mainha, que tá no céu olhando pra gente agora!

. Ademais se benzia; Ana se enfezava; e Ademar compadecia. Dentro em pouco, deixou a mulher trocando farpas com o irmão na sala e meteu-se no quarto. Pegou a bíblia que estava no criado-mudo e abriu-a em fulano; capítulo tal; versículo etc. e lá estava: cinco mil contos. Ademar guardava a quantia para a reforma da capelinha. Retornou para a sala, onde os ânimos estavam exaltados, e foi logo expulsando o irmão de casa aos empurrões e pontapés, ao que Aninha ficou deveras satisfeita. Do lado de fora, cauteloso quanto aos olhares da esposa, entregou o dinheiro ao irmão e mandou que este se mandasse. Ademais correu mais veloz que tejo quando escuta o pipoco da espingarda que erra.

. No outro dia, chegou a notícia que Zé Cornão tinha matado Ademais e a própria mulher a tiros de espingarda fulminantes. Zé Cornão tinha fama de mata-beija-flor, diziam que acertava até nas asas do bípede plumário e que, às vezes, o bichinho caía no chão debatendo os cotoquinhos ensangüentados até, por fim, chegar a este. Com os cinco mil contos do defunto, Zé Cornão fugiu para algum lugar distante.

. Que Lástima! E ainda tinha que inventar uma desculpa pra mulher sobre o dinheiro da capelinha.

Fim

Ass: neto (bar do escritor)

No mais corrupção e falta de sexo na minha cidade.
Obrigado por me lerem amigos esconhecidos.

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