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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Buceta conto do veio China

O velho e o Mar (by China)
Os sentimentos de um sexagenário estavam ali naquele imenso e finito de águas azuis. Estavam ali, perdidos dentro do peito sexagenário de um velho lobo do mar, um pescador cansado do cheiro de peixe e da indiferença humana. Era estranho vê-lo navegar solitário, defendendo-se das ondas bravias que pareciam querer parti-lo em dois. Aliás, não só a si e também ao “Gladiator” o seu velho barco de pesca que tanto conhecia aquelas águas.Ninguém saíra para pecar naquele dia já que o mar não aceitava desafio de quem quer que fosse. Por isso ele sorria. Sorria da sua peripécia e coragem ao desafiar o mar num desafio desumano e desigual já que não havia a menor chance para si. Mas, isso também não o impressionava e ele não estava lá para pescar, era pra morrer. Parecia romântica a idéia de ir-se assim desta forma sepulto pelo mar. Parecia-lhe o de ser sepultado no quintal de casa e com a última batida da pá sendo dada pelo filho mais velho. Claro, poderia ser tudo mais simples e uma bala nos miolos tornaria tudo tão rápido, mas, a idéia de dar algum trabalho para Helga, a sua boa vizinha de trailer, deixava-o incomodado. Helga, uma senhora de coração imenso que apesar da cegueira encontrava alguma alegria de viver. Sempre se perguntara por que Helga encontrava tantos motivos pra continuar na batalha apesar de sozinha e sem ninguém por si, salvo uma modesta pensão deixada pelo falecido marido. Nestes últimos anos a sua única fonte de prazer era sentar-se na soleira da varanda dela e ouvir as suas histórias da velha e boa Alemanha. Lembrava-se emocionado de como fora a primeira vez que Helga lhe conhecera as feições; pelo tato e percorrendo o contorno do seu rosto. E então riram a valer e encheram a cara de cervejas. Ah! E como bebia aquela velha alemã, bem mais que ele diga-se a bem da verdade.E ali, com todas essas recordações se lembrou do filho e de quando se viram da última vez.Foi numa tarde de domingo quando emborcava o último quarto da sua garrafa de vodka quando foi acordado pelas palavras de um rosto jovial:
“Oi pai, tudo bem com você?” – Assustou-se, e entre encantado e surpreso só conseguiu responder um “Tudo!”. Dustin não ficara mais que 30 minutos e se fora tal qual como chegara; sem deixar qualquer endereço e nem um número de telefone. Talvez a culpa tenha sido sua- pensou- Talvez se tivesse demonstrado alguma alegria e maior interesse ele tivesse ficado por mais tempo e quem sabe não tivessem jantado juntos. E então, praticamente sem nada se falarem, ele viu a silhueta do filho desaparecer no horizonte ao fim daquela tarde de domingo. E fora ali naquele dia que decidira da um basta em tudo. Fez uma análise da sua vida e percebeu o quanto fora vazia; Recordou-se da mãe de Dustin e de quanto era bonito o seu sorriso, e duma noite que voltando do mar não encontrou ninguém a lhe esperar. Recordou-se de uns poucos e bons amigos (alguns idos), e de algumas boas rameiras de beira de cais que lhe proporcionaram algum tipo de prazer. E por fim, recordou-se da natureza humana e de quanto algumas dessas pessoas tem o dom de desintegrar qualquer tentativa de existência pacífica e feliz. Vivia nesse conjunto de lembranças quando foi acordado por raios que chicoteavam o ar e um vento gélido o fez perceber que uma descomunal onda se formava na linha do horizonte. Soube que se tratava da onda da sua existência. O vagalhão veio calmo, colossal, formando um paredão a sua frente como se fosse um edifício de arranha-céus. E então o “Gladiator” surfou na sua crista sem que o leme respondesse a qualquer manobra dos seus braços cansados. Evidente, ele não se entregaria assim sem nenhuma luta, sem nenhuma dignidade. Já que não houvera o suficiente em vida que não lhe faltasse agora na hora da morte. A onda quebrou-se lá em cima e o barco despencou e num mergulho fatal foi a pique. Os braços cansados tentavam se debater junto às ondas, mas já não havia mais qualquer resistência naquele corpo cansado. E então o peso do corpo se fez sentir e ele afundou. Descendo pode perceber a beleza de algumas exóticas criaturas marinhas.
Pode ver a beleza e o bailado dos peixes e das demais espécies. Pode perceber como tudo que está abaixo dágua se movimenta de forma ordeira e disciplinada. E ele cada vez mais afundava e o seu corpo se dirigia para o seu jazigo eterno. Foi no exato momento da última golfada de ar que havia em seus pulmões que pediu que algo lhe acontecesse. Era o último desejo de um moribundo. E o pedido de um moribundo devia ser respeitado já que sempre lhe ensinaram que nada se nega aos que estão à beira da morte. E então o seu desejo veio e ela veio linda, maravilhosa e em seios fartos e bicos generosos. Nos fim do seu corpo não se viam os pés, apenas uma graciosa nadadeira que fazia aquela criatura quase humana levitar nas profundezas do oceano como se fosse um balão de gás sendo soprado em pleno ar. Ela sorriu para ele e estendeu as suas mãos que por ele foram pegas. Ambos sorriam felizes e bailavam ternos e dóceis a dança do adeus. Sutilmente ele se se desvencilhou das suas mãos e cerrou os olhos. Ainda lhes era percebido o sorriso estampado no rosto ao chegarem ao fundo. Era um sorriso agradecido.
No mais corrupção e falta de sexo na minha cidade.
Obrigado por me lerem amigos desconhecidos.

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